(continuação)

QUINTA DE BONJÓIA

A quinta da Bonjóia, também conhecida por quinta do Juiz, é uma das mais antigas propriedades dos arrabaldes da cidade. Situada na rua da Bonjóia, n.° 185, a norte do Palácio do Freixo, ocupa um lugar privilegiado na fralda sul de um outeiro, donde se disfruta de um vasto e aprazível panorama do vale do Douro.

Pertencia nos fins do século XIV ao Chantre Martins Viegas. Em 1402 foi doada ao Cabido da Sé do Porto que procedeu ao seu emprazamento.

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Fachada Superior do Solar de Bonjóia

Em 1479, o cónego Fernão Aranha torna-se enfiteuta do prazo de Benjói. A partir daqui, e até finais do século XVII, o referido prazo foi sendo sucessivamente renovado em favor da família dos Aranhas.

Em 1758 aparece-nos como «.., senhor possuidor pacífico da sua Quinta chamada de Benjóia, sita na freguesia de Santa Maria de Campanhã, termo desta cidade...», D. Lourenço de Amorim da Gama Lobo, fidalgo de Ponte de Lima e prior da Venerável Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Este rico fidalgo, não satisfeito com a casa da velha quinta, resolve enfio nela edificar um grandioso palácio.

Conhecemos o importante documento (escritura de obrigação entre artes, lavrada em 21/3/1759) que estabelece as disposições para a construção do palácio.

Pena é que não conste o nome do arquitecto.

No entanto, quer pela arquitectura do palácio, quer pela data em que começou a ser construído, quer pelos contactos inevitáveis que Nasoni teve com D. Lourenço, provedor da Santa Casa de Misericórdia do Porto, não será descabido atribuir a autoria da traça ao célebre arquitecto italiano, embora admitindo eventuais reservas.

0 portal da quinta é encimado por uma pedra-de-armas cuja descrição, passamos a citar:

Composição - Esquartelado.

Classificação - Heráldica de Família.

Leitura - Amorim, Gama, Lobo e Magalhães.

Escudo de fantasia com ornatos exteriores à moda da época. Exemplar aparatoso. 0 coronel é de raminho exagerado à moda espanhola. Pedra já bastante gasta.

Transposto o portão, encontramo-nos diante de um pequeno terreiro, no findo do qual se ergue a residência.

Pormenor digno de realce é o facto de a residência não estar acabada. Isto é bem visível na extremidade esquerda da casa onde ainda se notam vestígios do que seria eventualmente o segundo corpo da habitação.

A casa propriamente dita consta de um torreão no ângulo sudoeste, pegado a um corpo com 22,30 m de comprimento, contendo os lados Norte e Sul portadas idênticas. A fachada Sul, visível da estrada da circunvalação, é aquela que apresenta maior interesse e imponência.

A janela superior lembra as da torre da casa. da Prelada e a escada exterior e terraço, hzem imediatamente pensar no vizinho palácio do Freixo.

A casa de Bonjóia parece ter sido a última de uma série de residências civis atribuídas a Nasoni ou à sua documentada autoria. Embora pecando por uma relativa pobreza de certos pormenores arquitectónicos, a casa tem no paredão do seu grande terraço a melhor realização.

Neste majestoso paredão com a extensão de 98,40 m de comprimento e 6 m de altura, a meio do qual se abre uma dupla escadaria com um formoso patamar, realizou o artista uma obra notável.

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Quinta de Bonjoía

0 admirável acabamento, à maneira italiana, confere um aspecto majestoso e verdadeiramente principesco ao degradado palácio.

Possuía esta propriedade uma capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário, hoje desmantelada. A actual proprietária indicou-nos uma das dependências da casa, como o presumível local onde essa capela se situaria. 0 que é tacto, é que actualmente não restam quaisquer vestígios significativos da sua existência.

Mas voltemos à questão da propriedade da quinta.

Após a morte de D. Lourenço é o seu filho, D. António de Amorim da Gama Lobo, que toma posse da quinta. Falecido este último, durante o primeiro quartel do século XIX, e não deixando descendentes directos, os bens vinculares passam para a posse de uma irmã e os vinculados para a sua viúva, que, por seu turno, os lega a uma sobrinha, D. Maria Natividade Guedes Portugal e Meneses, casada com um Brandão de Melo da Casa da Torre da Marca.

Em 1894 a propriedade é já pertença da família Brandão de Melo e designadamente do Conselheiro José Guedes Brandão de Melo.

Por morte do referido conselheiro, a quinta fica então a pertencer aos seus três filhos como o determina a escritura lavrada em 27 de Junho de 1921. Posteriormente uma das herdeiras, D. Maria José Mimoso Brandão de Melo, adquire aos outros irmaõs a totalidade da propriedade, procedendo em 1935 à sua venda.

No tempo desta família ficaram célebres as recepções e os bailes que aí se realizaram, contando inclusive com a presença de destacados membros da familia real.

No já referido ano de 1935 a quinta é vendida ao Dr. Juíz Abílio Augusto Mendes de Carvalho, já á residente há pelo menos um ano. Na escritura então feita, descreve-se a propriedade de natureza alodial, composta de casa nobre, com jardim, pomar, casas de lavoura, terras de lavradio, bouça e bravio e mais pertenças, tudo com a área aproximada de 34 320 m2.

Falecido o Dr. Mendes de Carvalho em 1940 e sua esposa em 1982, a casa e a quinta passaram a pertencer aos seus nove filhos.

Tivemos a oportunidade de contactar a actual residente da quinta, D. Maria Mimosa Mendes de Carvalho Mesquita que, além de nos confirmar muitos dos factos referidos, gentilmente acedeu em guiar-nos numa visita detalhada à casa e à própria quinta. Pudemos observar pormenorizadamente o interior do palácio, nomeadamente as suas divisões, tectos estucados, mobília, lustres, etc.... Estivemos também em todas as suas dependências desde a adega até ao salão nobre onde se realizavam os famosos bailes. No exterior, percorremos demoradamente a mata, os jardins e o horto onde outrora existiu um bonito parque ajardinado.

Constatamos a abundância de águas, provenientes de uma mina situada perto da Estação de Campanhã, e a existência de dois caseiros.

D. Mimosa contou-nos com nostalgia alguns pequenos episódios passados no período áureo da quinta e que ela presenciou ou ouviu contar.

Festas sumptuosas, passeios a cavalo, partidas de golf, etc.... até ao pormenor curioso de Afonso Costa ter estado refugiado no torreão do palácio aquando das conturbações decorrentes da afirmação do regime republicano; tudo isto ouvimos com interesse.

Actualmente nada resta deste explendor e a propriedade encontra-se mesmo em progressivo estado de degradação. As obras de conservação e restauro são difíceis, dispendiosas e não entusiasmam os proprietários que, aliás, estão mais interessados na sua venda.

0 interesse de potenciais compradores tem deparado com obstáculos devido às exigências que a natureza e o interesse do próprio imóvel impõem. Por isso seria conveniente, e de todo o interesse, a sua aquisição por parte do Estado, decidindo lhe posteriormente a melhor utilização a dar-lhe.

QUINTA DA BELA-VISTA

O local onde actualmente se encontra instalado o aquartelamento da Guarda Nacional Republicana, constituiu em tempos idos a quinta da Bela-Vista.

Não conseguimos apurar a origem exacta de tal designação, mas não andaremos muito longe se ligarmos este topónimo com a situação geográfica da própria quinta.

Com efeito, esta quinta está situada num dos pontos mais altos da cidade, permitindo uma visão ampla e soberba (uma «Bela-Vista»), disfrutando-se deste modo uma panorâmica verdadeiramente ímpar na cidade.

A quinta, propriamente dita, resultou da reunião de três propriedades. A primeira era constituída por uma casa com quintal e dependências na ma da Lameira de Cima e que mais tarde aparece descrita como morada de casas térreas com quintal, ramada, árvores de fruto, poço com água e mais pertences na Lameira de Cima, n.° 98.

Em 21 de Setembro de 1876 (a mais antiga referência que encontramos respeitante a esta quinta) esta propriedade é vendida a João Lino dos Santos, funileiro e morador na Lameira de Cima que para isso dispendeu 75$000 réis. Em 1892, na sequência do processo de partilhas com os herdeiros do referido Lino dos Santos, a propriedade passa a pertencer a D. Maria Josefina de Jesus Correia e a sua irmã, D. Vitória dos Santos Correia. Nesta altura, foi a propriedade avaliada em cerca de 800$000 réis.

A segunda propriedade, denominada «Quinta da Lameira» compunha-se de uma morada de casas de dois andares, águas-furtadas, lavradio, água, árvores de fruto e outros pertences e situava-se na ma S. Roque da Lameira com os n.° 984 e 992 e mais tarde 2000.

Em 1910 era esta parcela propriedade de três irmãos de apelido Gomes Ferreira, dois dos quais militavam na carreira das armas.

Finalmente, um terceiro núcleo de terreno pertencente a Joaquim Vitorino Mesquita Soares e esposa.

Em 21 Dezembro de 1911, o Dr. José de Oliveira Lima adquire a primeira e a segunda propriedades, pagando respectivamente 700$00 e 3 600$00. Pouco tempo depois em 1912, a terceira e última parcela foi comprada por 100$00.

Estava assim formada a quinta da Bela-Vista.

Em Maio desse mesmo ano, inicia-se a construção dum edifício escolar que viria a ser o Instituto Moderno (21). Este estabelecimento escolar destinava-se ao ensino primário e secundário, funcionando em regime de internato e externato. Construída expressamente para funcionar como estabelecimento de ensino, esta instituição foi modelar, quer devido à qualidade das instalações, quer porque utilizou os mais modernos princípios didácticos e higiénicos da época.

0 seu ginásio principal ainda hoje funciona.

Pormenor curioso é o facto de constar ter sido este o primeiro edifício da cidade a ser construído em cimento armado.

Apesar destes propícios requisitos, a vida deste Instituto foi relativamente curta.

Funcionou como colégio no período compreendido entre 1914, data da conclusão do edifício, e 1918.

Não esqueçamos que esta época foi marcada pelas conturbações políticas, económicas e sociais do início do regime Republicano e pela grande guerra de 1914-18, o que pode de algum modo explicar a efemeridade da instituição.

Em 1918 manifesta-se no país uma epidemia de tifo exantemático, não ficando a cidade do Porto imune a este surto. Os hospitais da cidade encontravam-se superlotados e deste modo foi o Instituto, já então encerrado, requisitado para funcionar como secção do hospital Joaquim Urbano, vulgo «Goelas de Pau».

Aí funcionaram serviço de desinfecção, despiolhamento e uma enfermaria de convalescência com mais de 200 camas.

Debelado o referido surto epidémico, ficou o edifício numa situação de impasse até que em 21 de Agosto de 1919 foi comprado pela G.N.R, com o fim de aí instalar as suas forças.

0 proprietário da quinta e director do Instituto, o médico José de Oliveira Lima, recebeu então a quantia de 275 000$00. A propriedade adquirida englobava além do ginásio mais dois pavilhões que ainda hoje existem, embora remodelados e adaptados às necessidades logísticas que foram surgindo ao longo dos tempos.

A partir desta data, a história da quinta está intimamente ligada à evolução do aquartelamento e à própria história da G.N.R., corpo que durante todos estes anos se empenhou no restauro e conservação deste imponente edifício.

Foi-nos dito que existe a possibilidade a médio prazo do aquartelamento mudar de instalações, pelo que o futuro da quinta e do edifício permanece uma incógnita.

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Quinta da Bela-Vista - Quartel da G.N.R.

QUINTA DA LAMEIRA

A quinta da Lameira, hoje conhecida por Parque de S. Roque, constitui com os seus mais de 40 000 m2 de mancha verde, um autêntico «pulmão» regenerador da zona oriental da cidade.

Confronta a Norte com a travessa das Antas (uma das enfadas), a Nascente com o quartel da G.N.R, instalado na Bela-Vista e a sul com a ma de S. Roque da Lameira (com entrada pelo n.° 2092).

Pertenceu esta quinta, assim como várias outras propriedades na cidade, à aristocrática família Calém, nomeadamente a António de Oliveira Calém que aí habitou desde o seu casamento (em 15/12/1912) com D. Maria Eugénia Ramos Pinto até ao seu falecimento ocorrido em 27 de Maio de 1962.

Nunca será de mais acentuar a importância política, económica e social que esta família, ligada ao grande comércio de exportação de vinhos do Porto, teve na cidade e mesmo no país, embora uma história familiar pormenorizada não se enquadre no âmbito deste trabalho.

Por escritura de 3 de Agosto de 1978, a Câmara Municipal do Porto compra ao então proprietário, Dr. António Eugénio de Castro Ramos Pinto Calém, uma parcela da quinta com a superfície de 11 900 m2, mediante o pagamento da quantia de lo100 000$00. Esta primeira parcela correspondia «grosso modo» ao solar e terrenos envolventes, incluindo os formosos jardins.

Cerca de noves meses mais tarde, em 8 de Maio de 1979 é adquirida a Segunda e última parcela com a superfície aproximada de 30 000 m2 e dispendendo-se para tal 8 600 000$00. Esta parcela corresponderia à área da frondosa mata.

É o conjunto formado por estas duas parcelas de terreno que hoje se denomina por Parque de S. Roque, cuja abertura ao público se efectuou em 20 de Julho de 1979.

Refira-se que a compra da quinta englobou também um prédio urbano e dois prédios rústicos onde viviam os «serventuários» jardineiro, motorista e mais uma inquilina) do solar. Ainda hoje se pode constatar a existência desses prédios, embora adaptados a outros fins.

Pudemos apreciar os bonitos jardins do Parque, os quais ostentam elementos muito em voga do século passado tais como frutas, minarete, sebes labirínticas, repuxos, fogareus, etc.

Na casa apalaçada, actualmente a sofrer obras de conservação e restauro, funciona o Gabinete de Planeamento Urbanístico da C. M. Porto.

No seu interior ainda se pode observar algum do espólio original. Destaquemos os tectos ricamente decorados, as portas, o espelho da entrada, etc.

Tivemos aliás oportunidade de consultar a lista que discriminava o recheio da casa, aquando da escritura. Esse recheio constituído por mobiliário do século XVIII, quadros, lustres, etc., tem bastante interesse artístico sobretudo se quisermos reconstituir o ambiente quotidiano e a personalidade de uma família burguesa ligada à vida comercial no Porto desta época.

No exterior da casa destacam-se os bonitos motivos em ferro forjado do gradeamento visível nas janelas, varandas, portões e corrimões. Realce também para alguns frisos de azulejaria e para a cantaria no rebordo das telhas.

Incrustada na fachada principal da casa, detectamos uma bonita pedra trabalhada com uma inscrição já pouco legível, mas que nos parece ser referente ao ano de 1792, provavelmente ano do início ou conclusão da mansão.

Quanto ao Parque (bosque) em si, importa referir que a Capela desmantelada que á existe, no sentido de quem entra pela travessa das Antas, não é original da quinta tendo sido para aqui trazida (há poucos anos) do largo Actor Dias.

Embora aberto ao público, o parque apresenta um aspecto de semi-abandono, sendo possível racionalizá-lo e optimizá-lo pois as potencialidades de que dispõe são inúmeras.

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Quinta da Lameira (Gab. Urbanístico)

QUINTA DE VILA MEÃ

A origem desta quinta, bem como da 1àml'lia a ela ligada, os Vieiras, é bastante remota.

No primeiro foral passado a esta quinta, em 1473, encontramos referências a um tal João Vaz Lordelo Vieira Annes.

A partir deste momento, há notícia de todas as gerações de Vieiras residentes nesta quinta.

Esta família que possuía várias outras propriedades na freguesia e nos lugares de Bouça-Ribas, Cerco, etc., ligou-se posteriormente por via matrimonial à família Araújo também desta freguesia, dando origem ao amo dos Cunha Araújo que viveu nesta quinta até 1860.

Anteriormente, em 1758, este lugar de Vila Meã tinha sete vizinhos ou fogos.

Em 1864, e já depois de várias mutilações, esta quinta compunha-se de «casal de Baixo e do Casal de Cima (este já desaparecido), que eram a Casa nobre, Capela (dedicada a Nossa Senhora dos Anjos), jardins, pomar, lago, casas para caseiros, e de mais 25 propriedades, que iam de Godim ao Fojo (hoje Praça das Flores), Lameira, Corujeira, do Monte Escoural até à Bonjóia».

Possuía igualmente um parque murado de recreio localizado perto da Estação de Campanhã e terrenos onde actualmente se situa a linha de caminho de ferro até à ponte de Contumil.

0 Casal de Cima que englobaria estes terrenos foi assim destruído aquando das obras de construção da linha.

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Quinta de Vila Meã

Ainda há relativamente poucos anos existia na rua do Monte da Estação, um portão de uma antiga entrada nobre para este Casal, portão esse em pedra lavrada em belo estilo barroco.

Pena foi que tivesse desaparecido em detrimento de um pseudo-progresso.

Em 1866, a quinta deixa definitivamente de estar na posse da família dos Vieiras, sendo então vendida ao Comendador José Joaquim Pereira de Lima pela importância de 1250$000 réis.

Até à década de 20 continuou a pertencer aos herdeiros do Comendador, altura em que foi vendida a uma família de apelido Mitra. E é com a designação de Quinta do Mitra porque hoje é mais conhecida.

Actualmente a quinta é pertença da Câmara Municipal do Porto que aí procedeu à instalação de um bairro de casas pré-fabricadas.

0 estado de degradação é quase irreversível, correndo-se o risco de se perder o importante património que ainda resta como, por exemplo, o frontal da capela de grande valor arquitectónico. Esta Capela, hoje destruída, era dedicada a Nossa Senhora dos Anjos e em 2 de Fevereiro de 1914 ainda existia, pois nessa data há notícia de um pedido de alterações do horário de culto.

Urge assim actuar no sentido de restaurar e preservar este importante conjunto monumental, acabando com lamentáveis situações como a de inquilinos do bairro a ocuparem partes da casa e com o desolador aspecto que a sua visão oferece, nomeadamente aos passageiros que utilizam o caminho de ferro.

CASA DE GODIM

Descendo a calçada de Godim até ao largo do mesmo nome, imediatamente deparamos com uma construção imponente e de linhas austeras denominada Casa de Godim.

Esta designação encontra-se, aliás, inscrita numa pedra granítica que encima a porta de entrada.

0 principal atractivo desta casa é a sua pedra-de-armas situada num ângulo do edifício, imediatamente por cima das placas identificativas das ruas.

Esta pedra constitui um exemplar típica de armas do século XIX, ostentando um mau desenho heráldico. A sua leitura é a seguinte:

Composição - Pleno.

Classificação - Heráldica de Família.

Leitura - Silvas, tendo por diferença uma flor de Liz numa brica.

É encimada por um Coronel de Visconde.

Apesar de temos consultado abundante documentação e investigado várias pistas, não conseguimos determinar qualquer informação relevante acerca da ligação existente entre esta família e a casa.

Na fachada que dá para a rua de Godim pode-se observar uma pedra incrustada na parede com a seguinte inscrição: 1743/1925.

Que significarão estas balizas cronológicas?

Sabemos apenas que o «logar ou a aldeia de Godim» já existia em 1758 contando enfio com seis vizinhos ou fogos.

Tivemos oportunidade de entrar no interior da casa, remodelada na quase totalidade, onde actualmente funciona a sede e um infantário da Associação de Moradores da zona de Justino Teixeira.

0 único pormenor que nos chamou à atenção foi a decoração de alguns tectos estucados, os quais ostentavam o já referido brasão dos Silvas.

No pequeno quintal/jardim da casa encontramos um curioso fontenário e as ruínas de um pombal.

Pudemos constatar a existência de duas pedras em granito com inscrições; porém e devido à disposição das próprias pedras não nos foi possível proceder a uma completa e correcta leitura pigráfica que, no entanto, deverá ser efectuada.

Pela disposição do próprio quintal/jardim, é muito provável que este abrangesse em tempos os terrenos onde estão instaladas actualmente a escola e a piscina. Esta opinião foi-nos aliás confirmada em conversa havida com pessoas da zona.

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Casa de Godim


Notas

(21) Acerca da origem, evolução e serviços prestados por esta instituição de ensino, veja-se o respectivo programa, que se pode encontrar no Arquivo Histórico Municipal do Porto (A.H.M.P.) - Casa do Infante.


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