Já
em 1769, quando a Misericórdia, para levantar o seu novo
hospital, comprou a João Ribeiro e sua mulher o chamado
"Casal do Robalo", se escreveu na escritura que
essas terras confinavam a poente com a Rua dos Quartéis, ou
seja, naquela data já cá existiam. A rua mudou varias
vezes de nome e o regimento também, mas o quartel
permanecia. Aí esteve instalado o de Infantaria, depois de
o 5.º e do 10.º, o "Metralhadoras 3", cujos símbolos
foram esculpidos em painéis de granito no muro virado
para a rua, e por ultimo o CICAP (Centro de Instrução de
Condução Auto).
Do
tempo do Regimento de Infantaria n.º 6, surge
uma situação com o seu quê de inédito: em frente do
quartel, durante muitos anos, viveu uma mulher que dirigia
ali uma taberna de que os principais clientes eram, é
claro, os militares do 6.º. Quando morreu, só e sem
herdeiros, teve um lindo gesto de reconhecimento para com
quem a tinha ajudado ao longo dos anos, deixando em
testamento a loja e dois terrenos anexos, imaginem, ao seu
querido regimento. Arranjou um rico par de botas ao Ministério
da Guerra de então, ate porque o regimento veio a ser
dissolvido. Mas com todas as voltas e revoltas, os donos da
guerra acabaram por alugar os terrenos que posteriormente
foram vendidos, sem honra ou proveito para o 6.º ou para os
regimentos que se lhe seguiram.
CONSERVATÓRIO
DE MÚSICA DO PORTO
Foi
António Lobo de Barbosa Ferreira Teixeira Girão, 1.º
Visconde de Vilarinho de S. Romão, quem mandou edificar
este magnifico edifício. Por sua morte, sem descendência,
passou o titulo para seu sobrinho, Álvaro Ferreira Girão,
casado com D. Julia Clamowse Brown (filha da poetisa portuense
Felicidade Brown), que aqui viveram muito tempo e aqui lhes
nasceram os seus quatro filhos. Faziam gala do uso da sua
capela dedicada a Santo António do Carregal, que ficava (e
fica) logo a seguir ao portão da entrada, mas perfeitamente
autónoma, com porta para a rua, encimada
por uma coroa condal e, no granito, sobrepujando a
porta, a pedra de armas da família e a data "1487 -
1903".
Em
1851, estava aqui alojado o Asilo da Infância, com a
particularidade de ter a porta da rua uma caixa de esmolas,
solicitando donativos aos transeuntes. Em 1 de Junho de
1917, foi aqui fundado, sob a direcção de Valentim Moreira
de Sá, o Conservatório Superior de Musica, que aqui se conservou
ate 13 de Marco de 1976, quando, sob direcção de Fernanda
Wandschneider, ocupou o antigo palacete da família Pinto
Leite, na Rua da Maternidade, ate o D.L. 310/83 o ter
transformado em escola secundaria.
PALÁCIO
DA JUSTIÇA
Foi
construído em três anos, de 1958 a 19ó1, com projecto
do Arquitecto Rodrigues Lima, no local onde existia o
modelar Mercado do Peixe, que vinha já desde 1874 e que se
viu nos últimos três anos de vida transformado em mercado
geral, por transferência das vendedeiras do Mercado do
Anjo.
A
entrada fica ao nível do 4.º piso do edifício, porque os
inferiores dão para as traseiras, tal o declive, aliás, já
existente em "vida" do Mercado do Peixe. Como é
habitual ca por esta cidade, quando se pensou num Palácio
de Justiça era para aqui reunir todos os tribunais,
dispersos por vários edifícios da cidade. Mas quando este
se inaugurou verificou-se não chegar para as encomendas.
E
já que falamos de encomendas, um facto há a realçar na
construção deste Palácio da Justiça: a encomenda de estátuas,
frescos e outras obras a artistas portugueses, sob temas
nacionais. Na frontaria temos a estátua de bronze de uma
jovem "Justiça", sem a tradicional venda nos
olhos, de Simões de Almeida. Na entrada, a deixar jorrar a
luz do Sol, está uma espécie de painel de fundo em vidro,
tendo no centro o brasão da cidade e à sua volta os
escudos de vários concelhos e distritos do Norte do Pais.
As estatuas no átrio e as pinturas junto dos elevadores de
cada pavimento são, como e lógico, fáceis de apreciar.
Quanto aos trabalhos que estão nas salas de audiências ou
nas de espera dos magistrados, só por acaso ou por
amabilidade de algum funcionário e que se podem admirar, o
que é pena. Resolver-se-ia o caso marcando eventuais
visitas para um horário que não causasse transtorno aos
trabalhos dos tribunais.
De
referir, entre tantos, os dois grandiosos painéis a fresco,
pintados por Martins Barata, no Salão de Audiências ou Salão
Nobre da Relação, como também é chamado. Representam o
"Casamento de D. João I" e "A Expedição a
Ceuta". Este ultimo tem para Os portuenses o pormenor
da sua identidade: a um canto do painel dois homens do
povo tiram as miudezas a uma vitela, na areia dos
estaleiros, perto das naus em acabamento. A carne seguiu,
mas os miúdos e as tripas ficaram e deram as gentes desta
mui nobre, sempre leal e invicta cidade o elogioso epíteto
de "Tripeiros", de que os de Miragaia, como todo o
Porto, muito se orgulham.
Museu
Nacional de Soares dos Reis
Em
11 de Abril de 1833, foi ordenado ao pintor João Baptista
Ribeiro que examinasse o recheio dos conventos abandonados e
casas miguelistas sequestradas e disso informasse D. Pedro
IV, que pretendia criar no Porto um museu de estampas com
base na colecção da Academia Real de Marinha e Comercio.
Infelizmente, o artista, porque era pintor, só à pintura
votaria o seu interesse (ou conhecimentos), perdendo-se
muito em obras de valor das outras artes. Foi com a colecção
recolhida numa ala do Convento de Santo António da Cidade,
depois de legalizado por Passos Manuel, que o Museu abriu ao
publico em 184o. Em 1911, é nominalmente intitulado Museu
Nacional de Soares dos Reis e posteriormente transferido
para o Palacete dos Carrancas onde ainda hoje se encontra.
Nunca
chegou a saber-se (e se calhar agora também já não é
altura para isso!) se o nome provem do facto do 1.º Barão
de Nevogilde, o industrial Manuel Mendes Morais, e o seu irmão
Isidoro terem vivido na Rua dos Carrancas (hoje Alberto
Aires de Gouveia). Judeus normalmente mal encarados, a rua
terá ganho o apelido por que aqueles moradores vieram a
ficar conhecidos? Em 1795, mandaram construir na Rua dos
Quartéis (antigo caminho velho para Matosinhos e hoje Rua
de D. Manuel II) um extraordinário palacete - para onde
chegaram a transferir a sua opulenta fabrica de fitas e galões
de ouro que
passou a ser conhecido como o Palácio dos Carrancas, ainda
que oficialmente fosse o Palácio dos Morais e Castro.
Em
1861, D. Carlota Rita Morais e Castro, a ultima Baronesa
de Nevogilde (morreu sem descendência), vendeu o Palácio
à Casa de Bragança. D. Manuel II, o ultimo monarca português
a reinar, aquando do seu exílio forçado pela implantação
da Republica, ofereceu-o à Santa Casa da Misericórdia do
Porto, que, em 1937, o cedeu ao Estado para nele se instalar
o Museu Nacional de Soares dos Reis.
Durante
as invasões francesas o Palácio serviu de quartel-general
a Soult, depois a Wellington e a Wellesley. Mais tarde,
aquando do cerco do Porto, aí se instalou, como atras já
referimos, D. Pedro IV, até ser obrigado a retirar por força
do canhoneio miguelista.
O
edifício e em granito, com bonitas varandas de
ferro, tem uma frontaria que engana o transeunte
desprevenido, já que visto de frente aparenta um andar e,
lateralmente, vêem-se três. Este curioso efeito e obtido
especialmente pelas janelas do rés-do-chão que iluminam as
salas do 1.º andar, que,
na frontaria, não se nota que existe. o 3.º andar também
só tem janelas laterais.
Extraordinárias
obras compõem o seu recheio; delas destacarmos
"Desterrado", escultura de Soares dos Reis, e as
telas de Gouvea Portuense, Malhoa e Pousao. Pena é que os
belos jardins deste museu não estejam ainda a ser convenientemente
aproveitados, mas esperamos que tal facto venha a ser
rapidamente remediado e que sejam devolvidos à freguesia e
à cidade estes seus jardins.
Museu
de Miragaia
Na
antiga capela que pertencia ao velho Hospital de pilotos,
mestres e mareantes, de seu nome do "Espírito Santo",
contíguo à Igreja de Miragaia, existe um dos mais
injustamente ignorados museus portuenses de arte sacra... e
nós temos tão poucos exemplares de arte sacra.
Numa
cidade onde só existem três grandes pecas quatrocentistas
de origem flamenga de inegável valia - a "Fons
Vitae", na Misericórdia, o retábulo da Capela dos
Alfaiates e o tríptico de Miragaia - e crime lesa-cultura não
conhecer esta obra oferecida por um irmão da Confraria dos
Pilotos, Mestres e Mareantes (supomos tratar-se de um João
de Deus, que morreu na índia, legando todos os seus bens ao
Hospital do Espírito Santo. O tríptico tem na parte
central a descida do Espírito Santo; no lado direito S. João
Baptista e o doador; no lado esquerdo S. Paulo; e nas costas
a Anunciação. A reforçar a nossa teoria de quem teria
sido o doador repare-se na analogia do Santo com quem ele
foi representado.
Entre
outras pequenas preciosidades, temos a recomendar um palio
de lhama de prata, bordado a oiro e pedras finas, tendo ao
centro, sobre veludo, a tiara e as chaves de S. Pedro;
paramentos de seda bordados a matiz e a oiro; uma credencia
entalhada a dourado e alguns relicários (não esquecer que
quando as relíquias de S. Pantaleão foram para a Sé,
ficou em Miragaia um osso do braço do santo em relicário
de prata).
Museu
Allen
João
Allen foi o fundador do Museu, ao tempo, conhecido como
Museu Allen ou Museu da Restauração.
Fruto
do seu vicio de juntar coisas, João Allen foi aproveitando
as suas muitas viagens pela Europa, especialmente pela Itália,
para enriquecer a sua colecção de armas, medalhas, louças.
Fruto da sua convivência com Vieira Portuense, a este
pintor adquire algumas telas, a que junta quadros de
Pillement e do amigo e pintor portuense Joaquim Rafael.
Como
os salões da sua casa - morava no n.o 281 da Rua
da Restauração - começavam a estar mais que cheios, mandou,
em 1836, edificar nos terrenos contíguos uma nova casa, com
três grandes salas e luz directa, onde colocou as suas
colecções. D. José de Urcullu, autor do "Tratado Elementar
de Geografia", que inclui uma ilustração da casa e do
Museu Allen, viria a ligar-se à família e a escrever no
quinzenário o Museu Portuense: só depois de concluído o
prolongado cerco desta cidade é que o sr. Allen se
resolveu a fazer uma casa destinada exclusivamente ao Museu.
Teve a fortuna de que os projecteis que lançaram os
sitiadores não caíssem onde estavam guardados Os objectos
raros e preciosos que em muitos anos tinham juntado. o
edifício que serve de Museu e situado no fundo do jardim da
casa em que mora o Sr. Allen; consta de três salões iguais
de 22 palmos e meio de altura, 47 de comprimento e 26 e
meio de largura. A luz entra em todos eles por clarabóias
bem dispostos no tecto.
Todos
Os domingos abria a porta do seu Museu a quem o desejasse
visitar, servindo o proprietário, graciosamente, de
cicerone. E se tudo corria bem no aspecto da arte, enriquecendo
o seu Museu com pecas que ia adquirindo ou lhe ofertavam, a
verdade é que a traição de um dos seus sócios, em
Inglaterra, e a falta de amizade dos que lha deviam, em
Portugal, acabaram por o obrigar a liquidar as suas casas
comerciais. Profundamente desgostoso, retirou-se para a sua
Quinta de Campanhã (que ainda hoje existe na posse da família)
e ai faleceu a 19 de Maio de 1848.
Dois
anos após a sua morte resolveu o conselho de família
vender o recheio do Museu, mas um movimento se gerou na
cidade levando o município a adquiri-lo, ficando no entanto
instalado nos mesmos edifícios, graciosamente, durante um
ano. A verdade e que só em 11 de Abril de 1852 abriu ao
publico com o nome peregrino de Museu Portuense da Rua da
Restauração, com a cooperação inteira e gratuita de
Edmundo Augusto Allen, filho do fundador da Companhia do Palácio
de Cristal, mais tarde honrado com o titulo de Visconde de
Villar dAllen, logo aportuensado para Visconde de Vilar
Dalem.
Uma
vez falecido em 1899, começou o Museu a ser conhecido como
Museu Municipal do Porto, acabando por ser transferido em
1905 para o edifício da Biblioteca Publica Municipal do
Porto, com a qual tantas vezes foi confundido, localizado no
antigo Convento de Santo António da Cidade. Mas só seria
reaberto ao publico em 1912. Vira a fazer parte do acervo do
Museu Nacional de Soares dos Reis, trazendo-lhe, entre
muitas maravilhas, o "Caim" e a "A Flor
Agreste", de Teixeira Lopes, a "Crucificação",
de Vieira Portuense, e "A Virgem e o Menino", de
Frei Carlos, para alem de uma sumptuosa colecção de numismática.
A
residência e o museu Allen já não existem. Ficavam no ângulo
da actual Rua Alberto Aires de Gouveia com a Rua da Restauração,
em direcção ao rio, onde hoje se encontra um moderno imóvel
que, entre outras coisas, serve de centro de escrutínio
dos jogos da Santa Casa da Misericórdia.
Museu
do Filumenismo
Não
fora a amizade que nos liga, há muitos anos, ao Dr.
Fernando Valente, e isto seria quase uma indiscrição. E
curioso que numa das mais pequenas freguesias do Porto se
tenha concentrado uma tão grande gama de museus, mas este
é muito especial, porque se trata de um museu dedicado a
uma particular forma de coleccionismo.
Filumenismo
é uma palavra composta que significa, simplificadamente, o
amigo de coleccionar o que diga respeito às embalagens dos
fósforos e de tudo o que se lhe refira. Fernando Valente
desde sempre se dedicou à colecção do que podemos chamar
pecas completas, ou seja, de caixas e carteiras com o seu rótulo
e os fósforos que lhe dizem respeito. E são milhares de
caixas, pequenas, medias e grandes, simples ou duplas, com
ou sem publicidade, que aqui estão alinhadas nas vitrinas
para o efeito especialmente concebidas. Estão em fase de
colocação e etiquetagem. E, para que o visitante tenha uma
noção mais exacta de uma das fases do fabrico, exactamente
a colagem da etiqueta nas antigas caixas de fósforos, o
nosso amigo conseguiu adquirir um exemplar de uma dessas
maquinas que serviu numa das grandes unidades fosforeiras da
cidade. Depois de convenientemente restaurada na sua
simplicidade original, aí está ela no Museu a mostrar como
trabalhava ao serviço da fábrica.
Logo
que concluída a instalação, o proprietário tem todo o
prazer em facultar ao publico a visita e quem quiser pode
deliciar-se com a vista de caixas de fósforos, desde
aquelas do tempo dos nossos avós ate as mais actuais.
A
instalação e na cave do edifício que existe na esquina da
Rua da Restauração com o Largo do Viriato, em frente ao
antigo Museu Allen, e não deixa de ser curioso que o prédio
ainda pertença a esta família a quem Fernando Valente esta
ligado; e o tal prédio onde durante algum tempo esteve instalado
o famigerado Partido do Progresso... A entrada será pela
porta do Largo do Viriato. Que em breve tenhamos mais um
museu na freguesia ao serviço de quantos o queiram
visitar. E se nos lembrarmos que em Portugal só conhecemos
outro (em Tomar), já se poderá avaliar da importância
deste nosso Museu.
Hospital
do Espírito Santo
Foi
em 1450 que o abade Afonso Martins assinou o titulo
paroquial pelo qual a Câmara trespassava aos mareantes de
Miragaia a administração do Hospital do Santo Espírito,
ou seja, e a partir desta data que o Hospital passou a ser
directamente dirigido por quem o tinha criado.
O
que dele resta fica quase pegado ou mesmo tendo comunicação
com a Igreja de Miragaia num plano superior e relativamente
perto da sacristia deste templo. Só se tem acesso ao
Hospital por uma velha escada num terreno entre a Igreja e a
Fonte que está à entrada da Rua de Miragaia, a por nós já
citada "Fonte do Bicho". Antigamente, a entrada
era pelo outro lado, pela Rua de Tomas Gonzaga, mas quando o
terreno foi vendido para um tal Capitão Borges, capitão da
marinha mercante, ele edificou a sua casa com frente para a
Rua de Miragaia, sendo o responsável pela referida fonte e
pelas escadas para a capela do Hospital.
Em
1802, a Confraria mandou refazer a Capela, ordenando a
demolição das suas torres que estavam em ruínas e que
para nada serviam, e foi aproveitado o terreno no adro
fronteiro a capela para dar cumprimento ao voto de enterrar
aí os afogados que aparecessem. Foi esta capela a destinatária
do tríptico, de paramentos e alfaias e de outras preciosidades
que hoje estão no Museu de Arte Sacra de Miragaia.
Desafecta ao culto, está em ruínas. E o actual abade de
Miragaia, o Padre António Pacheco, está a tentar
recupera-la para a colocar ao serviço da comunidade.
Hospital
Geral de Santo António
Na
verdade, a sede da Santa Casa da Misericórdia do Porto não
fica nesta freguesia, mas não podemos ignorar que este
Hospital é um dos frutos da sua actividade. D. Manuel I, em
carta de Marco de 1499, recomendava à cidade do Porto a
instituição da Irmandade da Misericórdia, mas só três
anos depois, numa capela da Sé, erigiram os portuenses a
Confraria da Santa Casa da Misericórdia. É só em 1521,
por ordem régia, é que esta toma conta de três
hospitais-albergarias cá no Porto existentes: o de
Rocamador, nos Caldeireiros; o de Santa Clara, nos
Mercadores, e o do Santo Ildefonso, junto à porta da
Batalha.
Em
29 de Junho de 1584, morre em Madrid, para onde tinha ido,
acompanhando o Rei Filipe, de Espanha, o riquíssimo padre
P. Lopo de Almeida, legando os seus bens à Misericórdia do
Porto, com três simples clausulas: a da Misericórdia, que
em curto espaço de tempo devia levantar herança; a de
tratar de doentes pobres; e a de construir na sua Igreja a
Capela do SS. Sacramento (e a actual capela-mor da Igreja da
Misericórdia).
O
velho hospital de Rocamador, em breve ampliado e melhorado,
toma o nome de D. Lopo e, durante o século XVII serviu as
necessidades do burgo. Mas a cidade aumentou e o serviço
começava a falhar. Era preciso um novo Hospital. Por
influencia do cônsul britânico John Whitehead, amigo
pessoal do Corregedor Almada, e incumbido o arquitecto John
Carr de York, de traçar a planta para o Hospital do Porto.
Claro
que a construção projectada era para se processar em
tijolo, ao estilo britânico, mas cá no Porto é em granito
(que se idealizam as construções. Contra tudo o que seria
aconselhável, a primeira pedra de granito é lançado em 1
de Julho de 1770 e nove anos depois o Hospital recebe os
primeiros doentes. Na verdade, só agora os trabalhos da
ultima ala e a conclusão do Hospital entram em vias de acabamento.
Aceitamos a modernidade, aceitamos a inovação, mas não
aceitamos que a parte nova, nas traseiras, acabe por ser
mais alta que a frontaria, ainda que construída em terreno
em plano inferior. Resultado: sobrepujando o granito do século
XVIII surge o betão do nosso século.
Hospital
Britânico
Fundado
em casas e terrenos de José Maria Rebelo Valente, tinha
farmácia privativa, claro que dirigida por um farmacêutico
inglês, e era dedicado exclusivamente aos súbditos de Sua
Majestade Britânica. Só que a colónia inglesa aqui
residente tinha sólidos meios de fortuna. Dai que o
Hospital só servia ocasionalmente algum marinheiro inglês
que viesse doente em barco por cá arribado ou que por cá
adoecesse. Um remansoso local, com óptimas vistas sobre o
Douro e Gaia, não dava para manter muito tempo os doentes.
Acabou... de inanição. Projectos para o local há vários,
mas nada ainda concretizado.
CLUBE
CAMPISMO DO PORTO
Foi
em 14 de Agosto de 1947 que se constituiu o Clube de
Campismo do Porto, uma associação desportiva, cultural e
recreativa que, ao longo dos seus quase cinquenta anos,
sempre pautou a sua actuação na propaganda e defesa dos
seus ideais, o que levou a ser considerada, em 1979, de utilidade
publica. Um justo prémio para tanto esforço, de que realçamos
quatro grandes acampamentos nacionais: Ofir, em 1951;
Azurara, em 1965; Lamas de Mouro, em 1979, e, em 1976, o 2.º
Acampamento da Velha Guarda.
A
partir da década de 60 surgiu no nosso pais o grande
movimento do chamado campismo de massas. O Clube não se
quis alhear desta realidade e, no ano seguinte, inicia a sua
colaboração na criação de parques de campismo. Logo em
1961 foi montado e orientado o Parque de Campismo da Santa
Casa da Misericórdia do Porto. Um ano depois foi o orientar
do Parque de Campismo da Associação de Jornalistas e
Homens de Letras do Porto, na Madalena. Seguiu-se, em 1964,
por sua iniciativa e suportando todas as despesas, a criação
de um mini parque no Gerês, em terrenos do Parque Nacional
da Peneda-Gerês. Infelizmente, este ultimo veio a
desaparecer com a necessidade de serem criadas zonas de
protecção ao Parque Natural. Até que, em 1968, começa,
em terrenos da Junta de Freguesia de Esmoriz, a instalação
do seu Parque de Campismo, onde continuou o Clube a fazer
grandes investimentos ao manter em ordem as antigas
infra-estruturas e a criar outras novas. Em 1986, e por
protocolo assinado com a Federação Portuguesa de Campismo
e Caravanismo, foi atribuída ao Clube a responsabilidade
da administração do Parque de Campismo de Mondim de Basto.
Continuam
a manter-se em actividade as secções de Cicloturismo,
Montanhismo, Filatelia, Aquarofilia, Banda do Cidadão e a
esperançosa secção jovem. E são já cerca de 20.000 os
associados deste clube sedeado nesta freguesia em magnifico
edifício que, com grande esforço, tem vindo a ser mantido
respeitando todas as suas características.
Cooperativa
Árvore
Em
grande parte do antigo solar dos Azevedo de Albuquerque, está
instalada há cerca de trinta anos uma das mais prestigiosas
e intervenientes entidades culturais desta.
A
Cooperativa cultural foi fundada há cerca de trinta e dois
anos por gente das artes e das letras ou à cultura ligadas.
Como escreveu Arnaldo Saraiva, aos homens do inicio cidade
- a "Arvore". já muitos se juntaram:
pintores, escultores, arquitectos, cineastas, músicos,
gente da cerâmica, da serigrafia, do vidro, do teatro, da
musica, empregados, desempregados, anónimos, todos se
querem sócios no trabalho de definir raízes, troncos,
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